quinta-feira, 28 de abril de 2011

Shyamalan

Na semana passada, foi aberta uma estranha campanha na internet: a ideia é arrecadar US$ 150 milhões para oferecer ao diretor M. Night Shyamalan para que ele vá fazer um curso de cinema.
Os organizadores da empreitada justificam que a qualidade do trabalho do cineasta só piorou desde O Sexto Sentido (1999).
A pergunta é: quem devemos culpar pela situação vergonhosa? Na minha opinião, o ego do próprio Shyamalan, que não deixa outros opinarem sobre seus filmes enquanto os está realizando. Todos seus filmes são escritos, produzidos e dirigidos por ele mesmo. Assim, uma ideia infeliz que nasce nos primeiros esboços do roteiro não encontra freios e acaba impressa em celuloide.
De 1999 para cá, houve pelo menos dois momentos em que achei que Shyamalan poderia virar o jogo. Sendo em 2006, com A Dama na Água a primeira ameaça de mudança.
Expliquemos. Depois do grande sucesso de O Sexto Sentido, houve uma cobrança geral para que os filmes seguintes do diretor tivessem um final surpreendente. Com o roteiro em forma de fábula de A Dama na Água, Shyamalan deixou de lado qualquer compromisso em criar uma surpresa e entregou um filme um tanto diferente dos seus anteriores.
A recepção foi dividida, mas havia esperança de que o novo caminho trouxesse bons resultados. No entanto, o que se viu não foi animador e Shyamalan continua escorado no sucesso de mais de dez anos atrás.
O segundo possível ponto de virada aconteceu apenas em minha mente. Quando soube que Shyamalan iria dirigir a adaptação cinematográfica da série animada Avatar, achei que o cineasta tinha se rendido a produções mais “industriais” para tentar reconstruir seu prestígio.
A ilusão foi desfeita nos créditos iniciais de O Último Mestre do Ar, quando foi anunciado que Shyamalan era mais uma vez responsável pelo roteiro, produção e direção. Ele perpetua a mania e os resultados.
O Último Mestre do Ar arrebatou alguns troféus Framboesa de Ouro e agora Shyamalan se vê diante desta campanha polêmica.
O lado bom disso tudo é que, se Shyamalan não aceitar voltar para escola, o dinheiro arrecadado servirá para financiar um festival de cinema em Nova York, que irá premiar novos cineastas com bolsas de estudo.

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