sábado, 4 de dezembro de 2010

TROPA DE ELITE 2

Wagner Moura retoma o personagem mais marcante de sua carreira, o capitão Nascimento, na seqüência de Tropa de Elite, filme também dirigido por José Padilha, ganhador do Urso de Ouro no Festival de Berlin, 2008. Nascimento, dez anos mais velho, cresce na carreira: passa a ser comandante geral do BOPE, e depois Sub Secretário de Inteligência. Em suas novas funções, Nascimento faz o BOPE crescer e coloca o tráfico de drogas de joelhos, mas não percebe que ao fazê-lo, está ajudando aos seus verdadeiros inimigos: policiais e políticos corruptos, com interesses eleitoreiros. Agora, os inimigos de Nascimento, são bem mais perigosos.



SOBRE O FILME
Oriundos do documentário, José Padilha e Marcos Prado gostam de imprimir na tela o máximo de realidade possível. Uma equipe de efeitos especiais, com nomes de peso em Hollywood, como Bruno Van Zeebroek, de “Transformers”, William Boggs, de “Homem-aranha”, e Keith Woulard, de “O Curioso Caso de Benjamin Button”, “Independence Day” e “Forrest Gump”, foi importada diretamente para o set de Tropa 2 a fim de dar maior veracidade às inúmeras reviravoltas de ação do filme.
O presídio de Bangu 1 foi reconstruído em seus mínimos detalhes num estúdio de mil metros quadrados, consumindo cerca de 15% do orçamento. Corpos carbonizados foram criados pelo mestre da maquiagem Martin Trujillo. Câmeras foram penduradas em cordas para dar maior proximidade e ineditismo à marcante fotografia de Lula Carvalho. Um andar inteiro de um nobre edifício na Presidente Vargas voltou a ser sede da Secretaria de Segurança Pública do Estado. E um grande trabalho de pesquisa, que teve como consultores Rodrigo Pimentel, o deputado estadual Marcelo Freixo, e a delegacia comandada pelo delegado Cláudio Ferraz, foi realizado por quase dois anos antes de o roteiro de Mantovani e Padilha ganhar forma.


Seja pelas opções inéditas de venda de cotas do projeto diretamente a investidores privados. Seja pela distribuição e lançamento independentes do filme, sem intermediários e com o apoio da Globo Filmes, “Tropa de Elite 2” tem tudo para ser o precursor de uma nova forma do se produzir e de se distribuir cinema no Brasil.
Tamanho cuidado e originalidade só têm um objetivo: permitir que Nascimento, personagem que foi transformado em protagonista e narrador na sala de montagem de Tropa 1, viva na tela, de forma inusitada e com a maior credibilidade possível, um mergulho em descobertas nem sempre óbvias e simples. Onde o inimigo de outrora não será mais o mesmo. E sim outro, muito mais complexo. Em Tropa 2 o principal arco dramático do filme, que no primeiro Tropa foi de Mathias (André Ramiro), será de Nascimento. Como o próprio Nascimento diz em Tropa 2, agora é pessoal.


DIREÇÃO
José Padilha
Então diretor do premiado documentário “Ônibus 174”, de 2002, José Padilha supreendeu o mercado
cinematográfico nacional e a imprensa ao lançar, em 2007, o maior fenômeno popular do cinema brasileiro
desde a Retomada: “Tropa de Elite”. Visto em cópias piratas por mais de 11 milhões de brasileiros com mais
de 16 anos antes de estrear nos cinemas (segundo pesquisas do DataFolha e do IBOPE), o longa catapultou
Padilha à posição de um dos mais importantes realizadores brasileiros também na área da ficção.
O caminho de polêmica e de prêmios de “Ônibus 174” se repetiu com ainda mais força no Tropa de Elite, que ganhou o Urso de Ouro em Berlim. Além de Onibus 174, Tropa de Elite, e Tropa de Elite 2, Padilha dirigiu também dois outros documentários: Secrets of the Tribe (2009), que abriu este ano em Sundance; e Garapa (2009), que abriu ano passado em Berlin. Todos os filmes ganharam inúmeros prêmios nacionais e internacionais.


“De certa maneira, Onibus 174 e Tropa de Elite tem a mesma premissa: tentam mostrar como o Estado contribui para a violência urbana administrando muito mal as instituições que deveriam coibi-la, como o sistema prisional, os educandários para pequenos criminosos, e as polícias. Tropa de Elite 2 retoma este mesmo tema, mas agora em um ponto mais perto das instâncias decisórias, mais perto da política. Em Tropa 2, eu não tentei produzir puro entretenimento. Tentei abordar um tema que me é caro. Sem sair de dentro da trama, sem tirar o olho do espectador da ação. Sem pausas para reflexão. Tentei fazer um cinema que não faz inferências morais pelo espectador, que não lhe diz o que pensar e quando pensar, que não contém pausas deliberadamente construídas para isto. Tentei fazer um cinema que comenta a violência urbana atravéz da sua dramaturgia, e não por meio de metáforas ou de discursos intelectualizados. Não acho que este seja o melhor cinema, o único cinema possível. Acho apenas que é o cinema adequado para o roteiro que escrevemos, e cujo objetivo foi o de gerar uma uma inquietação no expectador, de lhe proporcionar uma experiência que se transforma em reflexão após o filme, e não necessariamente durante a sua projeção”.
"Tropa 2 custou quase R$ 15 milhões, mais o lançamento previsto em R$ 4 milhões”, diz.


ELENCO
Wagner Moura
O capitão Nascimento envelheceu, ganhou maturidade e novos questionamentos. Sua atuação no primeiro
“Tropa” foi tão poderosa que fez com que José Padilha, Bráulio Mantovani e Daniel Rezende mudassem na mesa de edição o mote do filme. De personagem secundário, narrador, Nascimento virou protagonista e preencheu um espaço incalculável no imaginário coletivo.
O ator de “Deus é Brasileiro” (2003), “Carandiru” (2003), “O Homem do Ano” (2003), “O Caminho das Nuvens” (2003), “A Máquina” (2005), “Cidade Baixa” (2005), “Saneamento Básico” (2007) e Romance (2009), volta a encarnar Nascimento, desta vez também como coprodutor do filme.


Irandhir Santos
Só em 2009, Irandhir Santos marcou presença em três grandes produções: “Besouro”, de João Daniel Tikhomiroff; “Viajo porque preciso, volto porque te amo”, de Karim Ainouz e Marcelo Gomes; e “Olhos Azuis”, José Joffily.
Em “Tropa de Elite 2”, o Quaderma da minissérie A “Pedra do Reino” (2007/Luiz Fernando Carvalho) ou
Maninho de “Baixio das Bestas” (2006/Cláudio Assis) chega assumindo outro grande papel. No início do filme,
seu personagem é o antagonista do agora Coronel Nascimento. É Fraga que assume, ao lado de Nascimento,
as falas mais importantes do longa. Com formação em teatro, Irandhir é considerado hoje uma das grandes
revelações vindas de Pernambuco. Para quem nunca tinha entrado numa comunidade do Rio, viver nas telas um
professor, coordenador de ONG, envolvido com a defesa dos Direitos Humanos, foi um desafio.


Pedro Van Held

“Ruim foi quando terminou. Se despedir de todo mundo... dá saudade. E no meu caso foi pior. Me separei
de um pai e de uma mãe.”
A declaração de Pedro Van Held traduz um pouco a dimensão do que significou para ele fazer o Rafael, filho de Nascimento e Rosane, em “Tropa 2”. Agora no ar na TV Globo em “Malhação”, Pedro começa a trilhar um novo caminho profissional. Sua primeira experiência como ator foi já no cinema, numa grande e esperada produção nacional, e contracenando com um elenco de peso, que tinha, entre outros, Wagner Moura (Nascimento) e Maria Ribeiro (Rosane).
“Foram muitos conselhos, toques. A Maria foi quase uma mãe de verdade. Tinha muito carinho por mim.
Me sentia como um filho dela mesmo. No início a via pouco, porque estava grávida. Mas depois...”, diz.
Já a proximidade com Moura foi mais trabalhada. Principalmente durante seis meses de treinamento de jiu-jitsu,
com o premiado Rickson Gracie. “Nossa intimidade com o jiu-jitsu foi o principal. Ele já lutava e eu também.
Teve um dia que eu o derrubei e a cena era o contrário. Ele que me derrubava. Perguntei: você deixou ou
eu consegui? E ele disse: você conseguiu”, conta feliz.
A cena, segundo Pedro, mostra o filho querendo provar ao pai que também é forte, mesmo sendo este muito
melhor do que ele. “O pai é um Coronel e o filho está aprendendo ainda”, explica. A relação com Moura,
para ele, também começou assim “como uma coisa de respeito, mas depois fomos nos aproximando”. A
dependência pai/filho se espelhava na dificuldade de contracenar com um ator consagrado. “Atuar com o Moura
já trazia para ele uma expectativa muito grande, era preciso que ele o visse como um parceiro”, afirma
Fátima Toledo, responsável pela preparação dos atores.
“Rafael é um garoto divido entre a tranquilidade e a necessidade de mostrar ao pai que ele também é um
Nascimento”, afirma Pedro. E completa: “Depois do ‘Tropa’, vejo a minha própria família com outro olhar. Vi
como é difícil a aproximação entre um pai durão e um filho. Meu pai gosta de mim, mas talvez não saiba
se chegar, demonstrar. Isso parece comum. Acho que amadureci”, diz.
Para viver Rafael, Pedro se preparou de novembro ao fim de janeiro. “Além dos ensaios, fiz muito exercício em
casa para manter o foco”, diz. Sua escolha para o papel, indicado pela agência Army, foi uma grata surpresa.
“Eles enviaram vários meninos para o teste. Fui na última leva, porque só tinha trabalhado como modelo
e em comerciais. Quando me ligaram tarde da noite para me chamar para os ensaios, nem dormi mais”,
conta.
Pedro não se intimidou nem com o tema da milícia.“Morei perto de Rio das Pedras (um dos locais que
serviram de locação ao filme). Às vezes, ia lá comprar coisas mais baratas. Tinha uma certa noção, mas
não podia imaginar que a milícia pudesse ser, às vezes, pior do que o tráfico. Eles decidem até em quem
o morador tem que votar”, diz.
Aos 16 anos, Pedro não sabe afirmar se é um adolescente típico, rebelde por natureza. “O Rafael, sim, é radical.
Do tipo: eu sou eu e ninguém vai me mudar. Se estressa fácil”, diz. Pedro, ao contrário, parece aberto às
mudanças. A única coisa que sabe é que quer continuar: “atuar, estudar, apreender”.


André Ramiro
“Talvez, o Mathias agora esteja mais sozinho do que nunca. O trabalho com a Fátima (Toledo) foi para
encontrar esse ponto. Que ele estaria só e não teria ajuda de ninguém. O senso de honestidade dele está
ainda mais intenso. Se antes, o arco dramático estava com ele, dividido entre a faculdade e o mundo
policial, agora ele sabe o que quer e está ainda mais oficial. Mathias e Nascimento têm uma relação um
pouco diferente. No primeiro, Mathias aprende como ser Nascimento. Nesse, Mathias é mais amigo. E
vai abrir os olhos dele. Se ele tem uma função, é esta. Está ali para isso”, resume André Ramiro sobre seu
personagem em Tropa de Elite 2.
“Fazer Tropa de Elite 2 e voltar a trabalhar com o Padilha, que sabe muito bem o que quer no set de cada
um, mas que ao mesmo tempo deixa todos à vontade, foi um reencontro maravilhoso”, afirma. Segundo
Ramiro, o rigor detalhista na caracterização da realidade está ainda mais forte em Tropa 2. “A réplica que
fizeram da penitenciária de Bangu ficou perfeita. A gente sabia que estava dentro do estúdio, mas até o
cheiro lembrava o do cárcere”, lembra.
Em setembro, Ramiro, que é MC, lança o CD Crônicas de um rimador, com composições suas. Contratado da
Record, com atuações em Última parada, 174 (2008), de Bruno Barreto, Patas Arriba (2010), do venezuelano Alejandro Wiedemann, e nos seriados Casos e Acasos (TV Globo) e A lei do crime (Record), esse carioca de Vila
Kennedy tirado das bilheterias de um cinema da Zona Sul direto para as telas, com Tropa de Elite, não quer
outra vida que não seja perto do cinema e da música.
“O público vai se tocar muito com o Mathias nesse filme. Aguardem”, avisa.








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